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O que é a Peri-Implantite? Guia para o Paciente

  • Foto do escritor: Márcio Luiz Cantador
    Márcio Luiz Cantador
  • 11 de nov. de 2024
  • 5 min de leitura

A peri-implantite é uma doença inflamatória que afeta os tecidos ao redor de um implante dentário, resultando em uma perda progressiva do osso de suporte e potencialmente comprometendo a estabilidade do implante. É uma condição preocupante, pois, se não tratada, pode levar à falha completa do implante. Entender o que é a peri-implantite, suas causas, os principais problemas que ela pode causar e, principalmente, como preveni-la, é fundamental para pacientes que passaram por reabilitações com implantes dentários e querem garantir a saúde e a longevidade de seus tratamentos.


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1. O Que é a Peri-implantite?


A peri-implantite é uma inflamação que ocorre nos tecidos ao redor de um implante dentário, e é considerada uma forma de infecção crônica. Ela afeta tanto o tecido mole (gengiva) quanto o tecido duro (osso) ao redor do implante. A condição normalmente começa como uma mucosite peri-implantar, que é uma inflamação restrita aos tecidos moles, mas que pode progredir para a peri-implantite, levando à destruição do osso ao redor do implante.


A presença de placa bacteriana, quando não controlada, é um dos principais fatores para o desenvolvimento dessa doença, pois as bactérias liberam toxinas que irritam e inflamam os tecidos. A peri-implantite pode ser identificada por sinais como sangramento gengival, presença de pus, dor, inchaço e, em casos avançados, pela mobilidade do implante.


2. Causas da Peri-implantite


A peri-implantite pode ser causada por uma combinação de fatores locais e sistêmicos, que tornam os implantes mais suscetíveis à infecção. Abaixo estão as principais causas:


• Acúmulo de Placa Bacteriana: Assim como ocorre nos dentes naturais, o acúmulo de placa bacteriana ao redor dos implantes leva ao desenvolvimento de uma colônia bacteriana que causa inflamação. Essa placa é um dos fatores mais críticos na origem da peri-implantite.

• Higiene Bucal Inadequada: Pacientes que não mantêm uma rotina de higiene bucal rigorosa têm um risco muito maior de desenvolver peri-implantite. A limpeza ao redor dos implantes é crucial para prevenir o acúmulo de bactérias.

• Tabagismo: Fumar é um fator de risco conhecido para a peri-implantite, pois o tabaco compromete a circulação sanguínea nos tecidos gengivais, dificulta a resposta imunológica e prejudica o processo de cicatrização.

• Doenças Sistêmicas (como Diabetes): Pacientes diabéticos, especialmente os que não controlam adequadamente a glicemia, estão em maior risco de desenvolver peri-implantite. Isso ocorre porque a diabetes afeta o sistema imunológico e reduz a capacidade de cicatrização, favorecendo a proliferação de bactérias.

• Fatores Genéticos: Algumas pessoas têm predisposição genética a doenças periodontais, que são condições semelhantes à peri-implantite. Pacientes com histórico de periodontite (doença gengival avançada) podem ter mais facilidade em desenvolver peri-implantite.

• Sobrecarga Oclusal: O implante pode ser danificado se houver uma força excessiva ou inadequada sobre ele, seja pela maneira como os dentes se tocam ou por bruxismo (hábito de ranger os dentes). Essa sobrecarga pode causar microtraumas no osso ao redor do implante, facilitando a perda óssea e a inflamação.

• Qualidade do Procedimento Cirúrgico e do Implante: A colocação de implantes exige técnica e precisão. Procedimentos inadequados, como falta de estabilidade inicial do implante ou materiais de baixa qualidade, podem contribuir para o desenvolvimento de peri-implantite.


3. Principais Problemas e Complicações da Peri-implantite


A peri-implantite pode trazer complicações sérias para o paciente, com impacto não só na saúde bucal, mas também no bem-estar geral. Os problemas mais comuns relacionados à peri-implantite incluem:


• Perda Progressiva de Osso: A peri-implantite causa reabsorção óssea ao redor do implante. Com o avanço da doença, o osso que sustenta o implante é gradativamente destruído, tornando o implante instável.

• Risco de Perda do Implante: Quando a perda óssea atinge um nível crítico, o implante pode perder sua estabilidade e, eventualmente, se desprender. A falha do implante é uma das consequências mais graves da peri-implantite e pode demandar tratamentos complexos e caros para reparação.

• Inflamação e Desconforto: Pacientes com peri-implantite podem experimentar dor, desconforto ao mastigar e sensibilidade. Em alguns casos, a presença de pus indica uma infecção ativa, que pode causar mau hálito e inchaço.

• Impacto na Estética Bucal: A reabsorção óssea pode afetar a gengiva ao redor do implante, causando retração gengival e alterações na estética do sorriso. A ausência de um contorno gengival saudável compromete a aparência do implante e da prótese.

• Risco de Infecção Sistêmica: Em casos raros, bactérias presentes na peri-implantite podem entrar na corrente sanguínea e causar problemas sistêmicos, especialmente em pacientes com saúde comprometida. Isso torna a condição um risco também para a saúde geral do paciente.


4. Como Prevenir a Peri-implantite


A prevenção da peri-implantite envolve uma combinação de práticas de higiene bucal rigorosas, acompanhamento odontológico regular e estilo de vida saudável. Veja as principais medidas preventivas:


• Higiene Bucal Diária e Eficiente: A escovação e a limpeza interdental são fundamentais para pacientes com implantes. Utilize escovas de cerdas macias e, se possível, uma escova elétrica ou sônica, que facilita a remoção da placa. O uso de escovas interdentais e fio dental Superfloss, projetados para implantes, permite alcançar áreas difíceis.

• Irrigador Oral (Water Flosser): Este dispositivo é altamente recomendado para pacientes com implantes, pois o jato de água ajuda a remover resíduos alimentares e placa em áreas de difícil acesso, especialmente sob próteses fixas (como os protocolos de implantes). Ele atua como um fio dental, porém de forma diferente, sendo um dispositivo excepcional na higiene oral.

• Uso de Enxaguantes Antissépticos Sem Álcool: Enxaguantes com clorexidina a 0,12% são úteis para reduzir a carga bacteriana, mas o uso deve ser feito conforme a orientação do dentista, pois o uso prolongado pode causar manchas nos dentes.

• Visitas Regulares ao Dentista para Manutenção: Manter um acompanhamento regular (a cada três a seis meses) é essencial para a detecção precoce de sinais de inflamação. Durante as consultas, o dentista pode realizar uma limpeza profissional ao redor dos implantes e avaliar se há qualquer sinal de reabsorção óssea.

• Evitar Tabagismo: O tabagismo é um dos principais fatores de risco para a peri-implantite. Pacientes fumantes devem considerar a redução ou cessação do hábito para proteger a saúde dos implantes e da gengiva.

• Controle das Doenças Sistêmicas: Se você tem diabetes ou outras condições sistêmicas, manter o controle desses problemas é essencial. Em especial, a diabetes deve ser monitorada para evitar que níveis elevados de glicose aumentem o risco de infecções.

• Evitar a Sobrecarga Oclusal: Oclusão correta é fundamental para a estabilidade do implante. Em pacientes com bruxismo, o uso de uma placa de mordida noturna pode ajudar a proteger o implante da sobrecarga. Além disso, o dentista deve verificar se as forças estão adequadamente distribuídas sobre os implantes.


5. Tratamento da Peri-implantite


Caso a peri-implantite seja diagnosticada em um estágio inicial, o tratamento pode controlar a condição e prevenir a progressão da perda óssea. O tratamento inclui:


• Limpeza Profunda (Descontaminação): A descontaminação da superfície do implante pode ser realizada com técnicas de raspagem e polimento, combinadas ao uso de ultrassom e dispositivos de jato de ar. Esse processo remove o biofilme e as bactérias da superfície do implante.

• Antibióticos e Antissépticos: Em alguns casos, o uso de antibióticos locais ou sistêmicos é indicado para reduzir a infecção. Enxaguantes e géis com clorexidina também podem ser usados.

• Cirurgia para Regeneração Óssea: Em casos de perda óssea significativa, pode ser necessária uma cirurgia para regeneração do osso ao redor do implante. Técnicas como enxertos ósseos e uso de membranas regenerativas visam restaurar a estabilidade do implante.

• Remoção do Implante (em casos avançados): Se a peri-implantite progrediu a um ponto irreversível, o implante pode precisar ser removido, e uma nova reabilitação pode ser planejada após a recuperação óssea.



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